quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Infantário: A dor da "separação"!

A ansiedade da separação

Até aos três anos, as crianças são particularmente sensíveis ao corte que o desaparecimento físico dos pais representa. Aos 6-8 meses começam a ter noção global da cara das pessoas. Já não apenas o sorriso, os olhos, a expressão facial ou o movimento dos lábios e da boca, que lhe permitem contemplar, compreender e imitar. Quando a percepção total se dá, “há” pessoa. E se essa imagem desaparece, é difícil entender que a pessoa, nos seus diversos prolongamentos afectivos e físicos se mantém. Mesmo que o cheiro perdure ou as palavras ecoem.
Por outro lado, o bebé começa a sentir que existem objectos e coisas, algumas desagradáveis, e que o colo dos pais e a sua presença corresponde a segurança. Tudo o que precisa para se sentir bem vem “daquela” fonte: os progenitores.
É por isso que a partida dos pais, mesmo que seja por pouco tempo (e para um bebé desta idade não há nem muito nem pouco tempo, há apenas “tempo”), pode deixar a questão, angustiante: “E agora? Quem é que vai cuidar de mim?”.
Um dos momentos trágicos é a despedida. Não se pode prolongar demasiado, mas há que durar o suficiente para se dizer “adeus”, explicitamente. Escapulir sem dizer nada pode criar sentimentos de desconfiança e de incerteza. Se os pais têm que se ir embora devem fazê-lo honestamente. Claro que isto não quer dizer estar horas com beijinhos e miminhos, a prolongar a situação de despedida.
O espaço da “entrega” é doloroso porque não é “peixe nem carne” – é escola mas com pais lá dentro. Assim, o ideal é não prolongar a despedida e basear em três coisas: “temos um encontro marcado nas nossas agendas” – e os pais devem dizer ao bebé o que vão fazer (“eu vou trabalhar, depois almoçar e venho buscar-te, e tu vais brincar, comer, fazer ó-ó, papar e depois encontramo-nos”), seguidamente devem expressar bem que vão ter saudades e que não veem a hora de o voltar a ver e, finalmente, dar um beijinho na mão dele e pedir para guardar, e fazer o mesmo com ele. Assim, estará garantido, para a criança, que os pais têm programada a vinda, que têm vontade ed vir e que terão de vir recuperar o que o bebé tem deles e devolver o que o bebé lhes deu.
É natural que, quando chegarem, o vosso filho fique radiante mas, passado o momento de confirmação de que os pais realmente vieram, se afaste e vá brincar com os amigos, sentindo-se muito mais seguro.

Revista Pais&filhos