Saber estudar é fundamental para o percurso
académico de todas as crianças e deve ser ensinado desde cedo. Em casa,
os pais podem desempenhar um papel importante. Aqui ficam alguns
conselhos úteis para pôr em prática no início deste ano escolar.
- Criar hábitos de estudo
Os alunos devem estudar com frequência e
antecedência. Incite o seu filho a estudar com regularidade (o que
permite ir acompanhando a matéria, não a deixando acumular) e de forma
atempada, possibilitando reforços de aprendizagem e esclarecimento de
dúvidas. Renato Paiva alerta: “Não obrigue o seu filho a estudar.
Incentive-o a estudar. Demonstre-lhe que o estudo faz parte de ser
estudante e que contribui para o seu sucesso”. No entanto, não é
possível que os alunos estudem apenas quando lhes apetece, por isso a
criação de uma rotina de estudo é fundamental. É comum ouvirem-se os
alunos dizer: “Esta semana não preciso de estudar porque não tenho
testes”. “Um tremendo engano!”, na opinião deste pedagogo. “É
precisamente nessas alturas que o estudo se torna mais produtivo”.
- Planear e diversificar
Evite que o seu filho estude apenas aquilo
de que gosta. Deve estudar de forma equilibrada as diferentes
disciplinas e não estudar de seguida temáticas semelhantes, como duas
línguas ou Matemática logo após Físico-Química, ou História a seguir a
Geografia. Diferentes disciplinas privilegiam diferentes estratégias,
fazendo com que o estudo não seja tão monótono. O aluno deve iniciar o
estudo pelas matérias nas quais sente uma dificuldade intermédia,
seguidas das mais difíceis e terminar com as mais fáceis.
Saber estudar implica saber parar. Faça com
que o seu filho dedique cerca de um terço do tempo para descansar. Cerca
de 15 minutos por cada 45, é o ideal. Nesse descanso, deixe-o fazer o
que lhe apetecer. Repartir o esforço por vários momentos traz melhores
resultados.
- Ler, explicar e praticar
Estudar é muito mais do que ler e memorizar!
Numa primeira fase, o aluno de facto deve ler com atenção as fontes de
informação, sublinhando o que lhe parece ser mais importante. Mas, de
seguida, é muito importante que reproduza a matéria por palavras suas.
Que faça resumos, apontamentos, esquemas, simule que é o professor e
explique a matéria a alguém. “A melhor maneira de aprender é ensinar”,
defende Renato Paiva. E ilustra o papel que os pais podem aqui assumir:
“Verificarem se falta informação, fazerem algumas perguntas para
perceberem se a criança consegue explicar, pedirem pormenores e
exemplos, ou mesmo dizerem que não perceberam para que o filho seja mais
explícito ou tente uma diferente explicação”. Numa terceira fase, o
estudo implica a realização de muitos exercícios, para o aluno conseguir
demonstrar o que sabe e para tomar contacto com diferentes tipos de
perguntas que lhe podem ser colocadas. Em termos de alocação do esforço
do aluno, é aconselhada a regra 20-40-40: 20% para apreensão de
conhecimentos, 40% para a concretização por palavras suas do que
aprendeu, 40% para a resolução de exercícios.
- Local de estudo
Além de ser muito importante, o ambiente de
estudo é um dos fatores que os pais mais podem influenciar. O local
escolhido deve ser calmo, com boa luminosidade, temperatura agradável e
boa ventilação, ter espaço suficiente para todo o material necessário e
ser livre de ruídos perturbadores. A evitar locais de passagem, onde
possa ser interrompido constantemente. Renato Paiva é perentório:
“Música e televisão só causam distração! E evitem que os alunos estudem
com o telemóvel ao pé. As solicitações permanentes, como os SMS,
perturbam, causam paragens e desvios de atenção”. E até deixa algumas
dicas de iluminação e ergonomia, como colocar um foco de luz do lado
oposto à mão com que o aluno escreve, para que não provoque sombra sobre
o que está a escrever. Este pequeno pormenor evita esforços
suplementares que podem provocar cansaço e até dores de cabeça. Quanto à
posição relativa entre a mesa e a cadeira, deve permitir que o aluno
tenha o tronco direito, os pés apoiados no chão e que tenha um encosto
para uma postura correta e confortável.
- Promover autonomia
Desde cedo, as crianças devem ser
incentivadas a estudar sozinhas. É normal que não sublinhem logo só o
que interessa, que os resumos fiquem incompletos, mas é um processo de
evolução contínua, em que os alunos só melhoram se praticarem e tiverem a
possibilidade de experimentar. Os pais devem estar atentos e por perto.
“A promoção da sua autonomia académica é também um reforço da sua
autonomia pessoal”, resume o autor dos livros Ensina o teu filho a estudar e SOS Tenho de Passar de Ano.
A criança deve ser ajudada quando tem dificuldades, após os pais
perceberem que se esforçou por conseguir sozinha mas não foi capaz. Os
pais podem ajudar, fornecendo-lhe estratégias para que consiga estudar
sozinha o mais cedo possível. É importante ensiná-la a estudar e não
estudar por ela. Renato Paiva deixa um último conselho: “Seja positivo e
faça os seus filhos acreditarem que são capazes. Transmita-lhes
segurança e valorize os seus sucessos”.
Renato Paiva