terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Será Verdade...

O momento do parto é aguardado, com mais ou menos ansiedade, por todas as mulheres. E, para "ajudar", há sempre quem insista em afirmar como verdades irrefutáveis algumas ideias pré-concebidas. Eliminá-las é uma boa ajuda para encarar a chegada de um filho de forma mais tranquila.

Será verdade...

… que a experiência se repete de mães para filhas?
Não. Logo que anuncia a gravidez, a mulher é bombardeada com relatos, mais ou menos impressionantes, dos partos de familiares e amigas. E o maior destaque vai, habitualmente, para as recordações menos positivas. Mas não há um nascimento igual ao outro (mesmo no caso de mais do que um filho) e também não existem fatores hereditários que determinem como as coisas vão correr. Ou seja, se a sua mãe teve uma fase de dilatação especialmente longa, ou se acabou por ser submetida a uma cesariana, não há qualquer razão para que tal ocorra necessariamente consigo. O contrário também é verdadeiro: não é certo que o seu parto seja curto apenas porque na família essa é uma situação recorrente. O importante é estar preparada para todas as eventualidades e desfrutar do momento.

… que a dor de parto é insuportável?
Não. O processo de parto envolve sensações dolorosas, que vão das contrações ao momento da expulsão. No entanto, a dor pode ser vivida de forma diferente de mulher para mulher e está relacionada com muitos fatores, entre os quais os níveis de tolerância, a forma como é, ou não, aceite e as condições em que o nascimento tem lugar: quanto mais serenidade, privacidade e apoio existirem, menos a grávida experimenta a tensão que multiplica as experiências desagradáveis. Quando a dor é entendida, pura e simplesmente, como um sofrimento desnecessário e motivo de medo é natural que pareça mais difícil de aguentar. No entanto, se for encarada como natural e mesmo uma aliada – pois são as contrações dolorosas que ajudam o bebé a atravessar o canal de parto e a sair – surge como uma experiência que, no final, traz o melhor resultado possível.

… que um parto demorado significa que nem tudo está bem?
Não. O processo de parto pode arrancar sem que a mulher se dê conta e, habitualmente, é o que acontece nas semanas que antecedem o momento das primeiras contrações dolorosas. Na fase de pré-parto, ou latente, o colo do útero vai ficando cada vez mais fino e pode começar a dilatar, em especial nos casos de primeiro filho. A saída do rolhão mucoso – que cobre o colo – ou o rebentar das águas são entendidos como o início da fase de parto ativo mas, mais uma vez, podem decorrer horas e mesmo dias até que a dilatação atinja os quatro centímetros. E é aí que o processo tende a acelerar. De qualquer forma, entre os quatro e os dez centímetros (altura em que a abertura já deixa passar a cabeça do bebé) podem decorrer de oito a 12 horas e a expulsão demorar até quatro horas, sem que haja qualquer problema. A vigilância apertada que é feita ao bebé e à mãe permite aos profissionais de saúde perceberem quando a demora já não é normal e é preciso agir.

… que um bebé grande tem mais dificuldades para nascer?
Não. O tamanho e o peso do bebé não são, por si só, razões para que o nascimento seja mais difícil ou longo e não deveriam ser o único motivo para equacionar uma cesariana mesmo antes do parto ter início. No entanto, pode acontecer que as dimensões da pélvis da mãe ou a colocação da cabeça dificultem ou impeçam a saída do bebé, o que deverá ser avaliado pelo profissional de saúde à medida que o parto decorre. De qualquer forma, estas dificuldades são mais comuns no caso de um primeiro filho. Em suma, mesmo no caso de um bebé grande, não há razão para dificuldades de maior a partir do momento que a pélvis da mãe for adequada e a cabeça do bebé estiver na posição mais apropriada.

… que não se consegue fazer força com a epidural?
Por vezes. A analgesia epidural corta a sensibilidade nas zonas do abdómen e da pélvis, atenuando ou mesmo fazendo desaparecer a dor. A maior parte das mulheres continua, porém, a sentir o início de cada contração, em especial o endurecimento da barriga, e nesses momentos fazem força, destinada a levar o bebé na direção da saída. No entanto, para outras, o nível de anestesia e de relaxamento dos tecidos é tal que deixam de estar atentas às contrações, não conseguindo perceber quando é o momento de fazer força, o que pode fazer demorar o período de expulsão. Cabe ao médico ou à parteira ajudar, dizendo à mulher as alturas em que o ‘empurrão’ é fundamental.

… que se o primeiro parto foi cesariana, os seguintes também terão de ser?
Não. Durante muito tempo, o risco de rutura uterina após uma primeira cesariana levava a que muitos médicos optassem por esta cirurgia nos nascimentos seguintes. No entanto, vários estudos internacionais revelaram que este risco não chega a um por cento, mesmo no caso de mulheres com mais do que uma cesariana. Para estes números contribuem as técnicas atualmente usadas: a incisão transversal baixa – habitualmente tapada pela linha do biquíni – diminui a eventualidade de rutura, quando comparada com a antiga incisão vertical. De acordo com os mesmos trabalhos, um parto vaginal depois de cesariana também não aumenta consequências indesejáveis ao nível do aparelho urinário ou de lacerações da artéria uterina.

… a episiotomia é quase certa?
Não. A episiotomia é o corte cirúrgico dos tecidos do períneo, entre a vagina e o útero, destinado a alargar o canal de parto. Durante muito tempo, esta intervenção era quase sistemática em todos os partos mas, nos dias de hoje, é crescente o número de nascimentos em que não acontece. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda mesmo que os obstetras sejam altamente criteriosos na aplicação do procedimento e apenas optem pela episiotomia caso os tecidos afetados estejam na iminência de rasgar de forma descontrolada. Isto porque a recuperação de uma episiotomia implica a aplicação de pontos, cuja aplicação pode afetar a futura atuação dos músculos perineais. Massajar o períneo na reta final da gravidez aumenta a elasticidade dos tecidos e a sua distenção no momento em que o bebé sai o que, em muitos casos, evita que rasguem naturalmente ou que sejam cortados.

… que o primeiro parto é mais demorado que os seguintes?
Por vezes. Habitualmente, uma mulher que vai ser mãe pela primeira vez experimenta períodos de dilatação e de expulsão mais longos do que uma mãe experiente e isso é tido em linha de conta por quem a acompanha. E isto deve-se à pouca distenção que os músculos e tecidos possuem. No entanto, e como cada nascimento é irrepetível, pode dar-se o caso que as circunstâncias do segundo parto levem a um processo mais longo do que na primeira vez.

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